Por Nathália DePaulla.
*Para Danyara Corona, que pediu um texto aqui no blog mas merecia uma página de jornal.
“Ei, você sabe onde é a sala de jornalismo?”
“Não, eu também to perdida…”
“Então calma aí que a gente desce juntas essa ladeira ridícula e se acha.”
Seis anos é muito para lembrar essa cena. Mas como assim não lembrar a cena que deu início a um mundo paralelo de risadas, micaretas, fossas, bafões e pensamentos positivos(?) para que o professor de Economia morresse de gripe aviária? Conhecer a Dany foi de longe a parte hilária da faculdade e a parte mais inacreditável também, porque quando você menos espera, ela fala cinco palavras que se tornarão o próximo jargão do grupo e que você vai passar vergonha quando falar em público e ninguém acreditar no quão improvável aquela frase é.
Foi menos de um período para ver o tamanho do coração da Dany, infinitamente maior que nossas saias e shortinhos de micaretas mesmo com o defeito da válvula mitral. Aliás, é possível amar tanto a ponto de desgovernar a válvula mitral? Sim, para a Dany é. E enquanto eu queria caminhar até Colatina para bater no elefante que a magoava, ela agüentava todos os meus chilicotrecos de bailarina em crise que sempre faltava na aula mais importante para ensaiar.
Foram meses de companheirismo, anos de parceria sentadas na última fileira e inúmeras situações complicadas, inclusive quando ela teve o dever de almoçar comigo em casa para que minha mãe tivesse certeza de que ela era tão traquinas quando eu antes de viajar para São Mateus em uma tórrida missão de fim de semana. Ou será que era Colatina? Talvez ninguém nunca saiba que o ônibus seguro nunca existiu e no lugar tinha um carro à 120Km/h guiado por um amigo de 20. Ela agüentou o Pedrinho recém-nascido gritando, fraldas, minha Yorkshire ainda sem banho e a lasanha com katchup, que eu descobri depois que ela odiava!
Caminhar com a Dany pelo campus era pedir para chamar atenção. No lugar dos livros, celulares e sessenta mensagens para os digníssimos namorados na época, no lugar do jeans, as saias que nos impediam de subir escadas. Uma loira, uma morena. Uma sociável, a outra emburrada e anti-social. As duas… Loucas.
“Eu não tenho grana pra ir nesse show, diva!”
“Cala a boca, eu já comprei o seu ingresso e você vai.”
Essas eram as brigas que rolavam. E que se desfaziam quando ela foi a única que passou meu aniversário de 21 anos comigo. Nada demais, um balde de coca-cola, uma pizza, o silicone recém colocado da Dany e um presente infame. Ainda não tive coragem de usar o “pintômetro” que ela me deu, mas… Continua guardado!
Sentar no Burguer King sem você não tem graça. Outra faculdade? Ah, não… Tinha que ter a Dany! Tinha que ter as conversas, as brincadeiras, as irritações e as falcatruas. Tinha que ter alguém me chamando de “vaca” no Orkut, me deixando depoimentos lindos. Tinha que ter o sorriso, a gargalhada de meretriz e os conselhos, as idéias sem noção. Tinha que ter a Nathye segurando vela, operando a webcam nas noites mais malucas da Dany. Aliás, tinha que ter até o ciúme quando ela deixou o time das solteiras… Mas tinha também que ter a torcida, a amizade, o desejo de que tudo desse certo para ela. Tinha que ter esse encontro, a distância, o reencontro e a descoberta de uma admiração que eu nem sabia que existia dela por mim e que eu talvez nunca tenha deixado claro a minha por ela. Tinha que ser do jeitinho que foi.
Esquece o sono, desce a ladeira
Vai até o último minuto daquele calor infernal,
Bagunça o shopping, compra coisas que nem precisa…
Se mostra amiga, fiel, se distancia e depois volta.
Cobra tudo que pode, faz merda, faz rir
Conquista pessoas, sonhos, conquista nas micaretas,
Mostra mau humor no primeiro dia de aula…
Me conquista assim!
É indecisa, as vezes irrita e no final você esquece
Ela não quer saber da tua opinião.
Não pensa, ou pensa demais antes de fazer qualquer coisa.
Mas no último minuto te manda entrar no MSN e estremece.
Ela nunca te chama pelo nome,
Faz voz esganiçada de adolescente e te chama de Diva.
Ela também mostra que nunca te esquece…
Mais que um bom motivo para também nunca ser esquecida.
É a única filha da puta que me faz escrever poemas!
Não importa onde, é sempre Diva.
…Acho que te amo também, Dany!