Seis.

janeiro 18, 2012

Por Nathália DePaulla.

*Para Danyara Corona, que pediu um texto aqui no blog mas merecia uma página de jornal.

“Ei, você sabe onde é a sala de jornalismo?”

“Não, eu também to perdida…”

“Então calma aí que a gente desce juntas essa ladeira ridícula e se acha.”

Seis anos é muito para lembrar essa cena. Mas como assim não lembrar a cena que deu início a um mundo paralelo de risadas, micaretas, fossas, bafões e pensamentos positivos(?) para que o professor de Economia morresse de gripe aviária? Conhecer a Dany foi de longe a parte hilária da faculdade e a parte mais inacreditável também, porque quando você menos espera, ela fala cinco palavras que se tornarão o próximo jargão do grupo e que você vai passar vergonha quando falar em público e ninguém acreditar no quão improvável aquela frase é.

Foi menos de um período para ver o tamanho do coração da Dany, infinitamente maior que nossas saias e shortinhos de micaretas mesmo com o defeito da válvula mitral. Aliás, é possível amar tanto a ponto de desgovernar a válvula mitral? Sim, para a Dany é. E enquanto eu queria caminhar até Colatina para bater no elefante que a magoava, ela agüentava todos os meus chilicotrecos de bailarina em crise que sempre faltava na aula mais importante para ensaiar.

Foram meses de companheirismo, anos de parceria sentadas na última fileira e inúmeras situações complicadas, inclusive quando ela teve o dever de almoçar comigo em casa para que minha mãe tivesse certeza de que ela era tão traquinas quando eu antes de viajar para São Mateus em uma tórrida missão de fim de semana. Ou será que era Colatina? Talvez ninguém nunca saiba que o ônibus seguro nunca existiu e no lugar tinha um carro à 120Km/h guiado por um amigo de 20. Ela agüentou o Pedrinho recém-nascido gritando, fraldas, minha Yorkshire ainda sem banho e a lasanha com katchup, que eu descobri depois que ela odiava!

Caminhar com a Dany pelo campus era pedir para chamar atenção. No lugar dos livros, celulares e sessenta mensagens para os digníssimos namorados na época, no lugar do jeans, as saias que nos impediam de subir escadas. Uma loira, uma morena. Uma sociável, a outra emburrada e anti-social. As duas… Loucas.

“Eu não tenho grana pra ir nesse show, diva!”

“Cala a boca, eu já comprei o seu ingresso e você vai.”

Essas eram as brigas que rolavam. E que se desfaziam quando ela foi a única que passou meu aniversário de 21 anos comigo. Nada demais, um balde de coca-cola, uma pizza, o silicone recém colocado da Dany e um presente infame. Ainda não tive coragem de usar o “pintômetro” que ela me deu, mas… Continua guardado!

Sentar no Burguer King sem você não tem graça. Outra faculdade? Ah, não… Tinha que ter a Dany! Tinha que ter as conversas, as brincadeiras, as irritações e as falcatruas. Tinha que ter alguém me chamando de “vaca” no Orkut, me deixando depoimentos lindos. Tinha que ter o sorriso, a gargalhada de meretriz e os conselhos, as idéias sem noção. Tinha que ter a Nathye segurando vela, operando a webcam nas noites mais malucas da Dany. Aliás, tinha que ter até o ciúme quando ela deixou o time das solteiras… Mas tinha também que ter a torcida, a amizade, o desejo de que tudo desse certo para ela. Tinha que ter esse encontro, a distância, o reencontro e a descoberta de uma admiração que eu nem sabia que existia dela por mim e que eu talvez nunca tenha deixado claro a minha por ela. Tinha que ser do jeitinho que foi.

Esquece o sono, desce a ladeira

Vai até o último minuto daquele calor infernal,

Bagunça o shopping, compra coisas que nem precisa…

Se mostra amiga, fiel, se distancia e depois volta.

Cobra tudo que pode, faz merda, faz rir

Conquista pessoas, sonhos, conquista nas micaretas,

Mostra mau humor no primeiro dia de aula…

Me conquista assim!

É indecisa, as vezes irrita e no final você esquece

Ela não quer saber da tua opinião.

Não pensa, ou pensa demais antes de fazer qualquer coisa.

Mas no último minuto te manda entrar no MSN e estremece.

Ela nunca te chama pelo nome,

Faz voz esganiçada de adolescente e te chama de Diva.

Ela também mostra que nunca te esquece…

Mais que um bom motivo para também nunca ser esquecida.

É a única filha da puta que me faz escrever poemas!

Não importa onde, é sempre Diva.

…Acho que te amo também, Dany!

Pode não ser a foto do Burguer King, mas sei que foi sua foto de Mural...


Dois mil e quanto mesmo?

janeiro 11, 2012

Por Nathália DePaulla.

Come horrores no natal. Aí desintoxica, tira o laquê do cabelo, refaz a unha e sai de novo em busca de uma roupa nova. Só tem uma semana, é ano novo, não vale passar de cara lavada nem com roupa sem graça. Corre no shopping não encontra nada, acaba no supermercado comprando Heineken. Bebe tudo, compra mais, conta as horas, escolhe um vestido fashion, pega estrada com a Miana. Vai falando besteira. Encontra as tias.

Abre uma latinha. Tira a Rafa de perto da piscina, ri do João no “Bipe da Tia Miana”, morre de medo dele ferrar com a bateria. Tira foto com os dois, sai bagunçada na foto. Abre mais uma latinha. Duas, três, quatro, nove, não sabe mais contar de tanta latinha! Intercala com vinho, com espumante, com a comida da tia Tatinha… Ah, o bacalhau da tia Tatinha! Ri da tia Tatona, dança salsa, come mais, ensina tango pra prima Giulia, come mais e encara o pudim da tia Paula…

“- Mas eu não como doce!”

“- Foi sua tia mais linda que fez, a que mais te ama e não quero saber, você vai comer!”

Então come o tal do doce, ri mais com a tia Tatona. Peraí, cadê o João? Vê o João fugir do berço com a Rafa, bebe mais uma Heineken, ajuda a recuperar a criançada. Dupla dinâmica dormindo, cadê o samba? Ok, colocam samba, dança mais um pouquinho, risada aqui, risada ali, come mais queijo do tio Pepa!

Foto, vídeo engraçado, mais risadas. DEU MEIA NOITE! Feliz ano novo, putada! Abraça uma, abraça duas, agarra todas as tias! Faz oração silenciosa para as irmãs, deseja muito o bem do melhor sobrinho, manda beijo e te amo mentalmente para alguém. Grita “puta que pariu” em coro com todo mundo, sacaneia o dono da casa. Sente falta de alguém.

“Poutz, faltou a tia Carla!”

Derruba a tia Paula, toma um tombo junto. Bebe mais!

Chora! Sim, porque no ano novo todo mundo chora de felicidade e emoção. Chora, ganha colo, vê todo mundo chorando junto e chora mais ainda. Dança com a Giulia de novo, aprende a tocar pandeiro com a tia, canta samba com a Pauleca e faz pose de rockstar com a Tatoninha. Todo mundo vai dormir, ficam só as melhores(?) acordadas. Muita conversa, muita música, muito nada!

O sol chegou, passou a madrugada, começou o ano de verdade. Bebe a última cerveja, mal troca de roupa, se joga na cama. Não, os bebês acordaram! Ouve o grito do João, o choro da Rafa, começa a rir sem ter dormido. Desiste de dormir, óculos de sol pra esconder as olheiras e um café forte. Abre a geladeira, dá de cara com a Heineken! E depois do café forte que tomou, ri da Miana indo resgatar o que sobrou.

Senta na rede antes da Giulia, liga o celular.

“Feliz ano novo, minha princesa. Te amo muito! Saudades de vc todos os dias!”

“Um ano novo repleto de realizações, minha coisa mais linda. Você é tudo de bom na nossa vida!”

“Feliz 2012, Nathye! Seja muito feliz”

Lê todas as outras mensagens, sorri com o carinho e amor de todos os amigos, da família, do outro amor. Relembra da noite com todo mundo, com as tias, vê as fotos na memória da câmera… Suspira lentamente, abre uma latinha e sorri feliz. Guarda tudo na memória da forma mais bonitinha que consegue. Percebe como cada detalhe é uma história, como toda a noite valeu a pena.

E de resto assina a crônica, ou será que é um poema?

Muito bem vindo, 2012. Pode chegar!

"Feliz Ano Novo, Putadaaaaaa!"